“Eu não tiro ninguém do armário”, disse algumas vezes o colunista de celebridades Leo Dias, que assina uma página diária no jornal carioca “O Dia” e tem um dos blogs de fofocas mais acessados do país. Acontece que no dia 16 de setembro, uma sexta, Dias foi o primeiro jornalista a publicar um vídeo caseiro do ator global Alexandre Borges com três mulheres em um quarto –uma delas em seu colo.
Calhou de elas serem transexuais e desse fato ter ganho ênfase nas notícias, o que levantou a grita de ativistas dos direitos LGBT. O blog conversou sobre a polêmica com Dias.
LEO DIAS – Posso eu começar?
GAYS & AFINS – Fica à vontade.
DIAS – Bom, eu dei uma entrevista pro Aguinaldo Silva um ano atrás dizendo que nunca mais tiraria alguém do armário. Estou de consciência limpa. Até porque eu não tirei ele do armário. Ele não é gay, aquilo é predileção, não é orientação sexual. Ele continua sendo hétero. Eu pensei o seguinte: se fosse uma loirinha gostosinha sentando no colo dele, eu publicaria o vídeo? Publicaria. Agora, eu não vou publicar porque é uma travesti? Daí me criticaram por ter usado a palavra “travesti” no título. Teria usado a palavra “loirinha”, se fosse uma loirinha.
G&A – Você foi criticado, inclusive por ativistas LGBT, por ter publicado o vídeo de um momento íntimo e dado ênfase ao fato de serem mulheres trans…
DIAS – Há um questionamento muito grande de eu ter publicado o vídeo no blog. Disseram que eu acabei com a vida dele, que ele tem filhos. Ouvi: “O que uma pessoa faz entre quatro paredes não interessa a ninguém”. Essas pessoas não conhecem meu trabalho. Gente, eu falo da vida dos famosos. O engraçado é que ele pode ir para a “Caras” e posar de família feliz. Eu dei a notícia da separação dele e da Julia Lemmertz e ninguém disse isso.
G&A – Mas isso não é a mesma coisa que tirar alguém do armário?
DIAS – Quando eu falo tirando alguém do armário é dar uma nota insinuando que alguém é gay. Ele não é gay, foi só inocente. Se vai dar uma festinha com duas três pessoas desconhecidas, tem que pegar o celular de todo mundo antes de fazer qualquer coisa.
G&A – Publicar o vídeo foi um dilema?
DIAS – Uma semana antes de publicar o vídeo, eu publiquei uma nota dizendo o que aconteceu, mas sem dar nomes, porque não tinha o vídeo. Recebi o vídeo na sexta mesmo, de uma fonte. Mas logo percebi que viralizou, outras pessoas tinham. A gente procurou a assessoria do Alexandre Borges e a pergunta deles foi: “Há negociação?”. A nossa resposta foi: “Hoje, não”. Seria só uma questão de tempo, porque as outras redações iam receber logo mais. É um pouco de hipocrisia, sabe? Todo mundo compartilha no grupo do Whatsapp, agora não pode colocar no blog. Eu tive que interromper uma reunião do meu chefe para pedir autorização. Eu não publico o que me dá na cabeça.
G&A – Dois meses atrás você publicou que Maria Bethânia estaria namorando a estilista Gilda Midani. Não é a mesma coisa?
DIAS – Nesse caso, eu não estou tirando ninguém do armário, estou tentando diminuir o preconceito, tratar como uma coisa normal. Eu acho que eu sou um gay retrógrado, porque eu vejo o pensamento da minha sobrinha. Ela acha normal mulher beijar mulher e depois ir lá beijar homem. Acha natural. Eu custo a entender a bissexualidade. Eu acho o putão muito mais normal do que o bissexual.
G&A – O que você achou da matéria feita por um jornalista canadense que entrou em aplicativos gays de pegação e revelou quais atletas olímpicos tinham perfis ali?
DIAS – Eu dou a notícia quando alguém está no Tinder. Grinder [aplicativo gay] não dou nunca. Porque um é para namoro, outro para sexo. É mais invasivo. Se eu souber que está dando match com homem eu não dou.
G&A – Então qual é o crivo para decidir se vai publicar sobre a sexualidade de alguém ou não?
DIAS – É péssimo falar isso, mas muito vai do meu relacionamento com a pessoa. Tem uma cantora famosa, bem famosa mesmo, que está namorando um cara que é gay. E eu perguntei para ela: “Você está namorando um gay?”. E ela disse “Mas ele não é, Leo.” E ele é. Mas eu não vou publicar nada. Tem também saber o quanto a pessoa expõe a vida. Se a pessoa vai para a “Caras”, para o camarote da Brahma, vai depois pagar de recatado? A Mariana Ximenes, por exemplo. Faz dois anos que ela namora um italiano e ninguém sabe a fuça do cara. Ela sabe se preservar.